O Estágio Curricular Supervisionado: espaço formativo para sentir e aprender a ser professor

Autores

  • Sabrina Hoffmann Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Judite Scherer Wenzel Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Diário de Formação, Formação Inicial, Pesquisa

Resumo

O presente trabalho abrange uma escrita reflexiva em relação a uma experiência no Estágio Curricular Supervisionado: Pesquisa no Ensino de Ciências. O referente estágio é ofertado para a sétima fase (7ª) do Curso de Química Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Cerro Largo – RS. Com objetivo de proporcionar ao licenciando “[...] vivenciar e refletir ações por meio das etapas de uma pesquisa contemplando o ensino de Ciências como enfoque central e atividade de pesquisa como prática pedagógica e estratégia de formação” (UFFS, 2018, p. 96). A prática de pesquisa é vivenciada pela escrita reflexiva em Diário de Formação (DF) e sua posterior análise. Tal processo está interligado com a Investigação-Formação-Ação (IFA) a qual, segundo Güllich (2013) contempla o planejamento, ação, observação e reflexão na, sobre e para a prática. O movimento da escrita e sua posterior análise possibilita (re)significar e melhor compreender as situações que percorrem a sala de aula. E nesse movimento há a constituição de professores pesquisadores, uma vez que Maldaner (2003, p.30) nos ensina que o professor pesquisador é “[...] aquele capaz de refletir a respeito de sua prática de forma crítica, de ver a sua realidade de sala de aula para além do conhecimento na ação e de responder, reflexivamente, aos problemas do dia-a-dia nas aulas”. No presente resumo apresentamos alguns dos resultados que emergiram desse processo formativo e que possibilitou o sentir e o aprender a ser professor. A práticas contemplou um planejamento de ensino acerca da temática alimentação de forma coletiva com a professora orientadora. Posteriormente houve a intervenção em sala de aula com uma turma do terceiro ano do Ensino Médio. As intervenções foram registradas em Diário de Formação e esse movimento de registro, aliado à socialização nas aulas de Estágio possibilitou a reflexão na/para e sobre a ação docente. Os resultados foram construídos mediante uma análise qualitativa das escritas do Diário de Formação. A análise do Diário de Formação indicou um foco central que foi caracterizado com base em Nóvoa (2017) em sentir e aprender a ser professor.  O autor (2017, p. 17) indica a importância de o professor estar preparado para “[...] agir num ambiente de incerteza e imprevisibilidade” e indica que “temos de planejar o nosso trabalho” e isso, segundo o autor (2017) é possível pela impregnação com o espaço escolar, o estar em sala de aula. Nóvoa (2017, p.17) afirma que “[...] não é possível formar professores sem a presença de outros professores e sem a vivência das instituições escolares”, pois a falta desse contato com a profissão pode acarretar medos e inseguranças. Isso foi possível de ser evidenciado na seguinte escrita pincelada do DF: Fui à escola para realizar uma das minhas primeiras aulas tanto no estágio de docência, quanto da carreira acadêmica, pois nestes anos da graduação fiz poucas intervenções em sala de aula. Confesso que estava muito nervosa para essa primeira aula, onde eu seria a “professora” dentro da sala de aula” (DF, 2023, p. 2). A licencianda ao ocupar a posição de professora passa a compreender o seu papel, os questionamentos e as incertezas fazem parte do processo constitutivo da docência e são necessários de serem vivenciados e acompanhados pela escrita reflexiva em diário de formação. Assim, tendo em vista da prática vivenciada e a análise do DF destacamos como marcas constituintes da docência, o planejamento coletivo, pois ele possibilitou o diálogo entre todos os licenciandos, e isso contribuiu para a qualificação da elaboração da intervenção em sala de aula. Também destacamos as interações estabelecidas em sala de aula e com os professores da escola. Por fim, ressaltamos que pela via da escrita reflexiva no DF o Estágio possibilitou a reflexão na/para e sobre a ação docente. E esse movimento possibilitou a escritas deste relato e se mostrou constitutivo da docência, pois possibilita a formação de professores reflexivos e críticos num movimento de sentir e de aprender a ser professor.

Biografia do Autor

Judite Scherer Wenzel, Universidade Federal da Fronteira Sul

Possui graduação em Química Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Santa Maria (2004), mestrado e doutorado em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2007; 2013). É professora adjunto I da Universidade Federal da Fronteira Sul. Atualmente atua como coordenadora acadêmica do Campus Cerro Largo. Professora permanente do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências (PPGEC). Editora da área de Ensino de Química da Revista Insignare Scientia (RIS). Atuou como coordenadora de Pesquisa e de Pós-Graduação do Campus Cerro Largo. Coordena o Grupo de Leitura Interativa de Textos de Divulgação Científica. Atua como professora colaboradora no PET Ciências e no PIBID Ciências da Natureza. Atuou como coordenadora do Curso de Química Licenciatura de 2013 à 2017. Em 2016 coordenou o PIBID Interdisciplinar e em 2021 coordenou o PIBID Química. Tem experiência na área do Ensino, com ênfase em Ensino de Ciências e Química nos seguintes temas: Educar pela Pesquisa, Formação de Professores, Significação Conceitual, Linguagem Química numa perspectiva Histórico-Cultural. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Ciências e Matemáticas (GEPECIEM) da UFFS.

Downloads

Publicado

01-11-2023

Como Citar

Hoffmann, S., & Scherer Wenzel, J. . (2023). O Estágio Curricular Supervisionado: espaço formativo para sentir e aprender a ser professor. Anais Dos Encontros De Debates Sobre O Ensino De Química - ISSN 2318-8316, (42). Recuperado de https://edeq.com.br/submissao2/index.php/edeq/article/view/297

Edição

Seção

Resumos