Plantas medicinais e transdisciplinaridade para um ensino de Química voltado à integralidade humana

Autores

  • Lara Colvero Rockenbach UFRGS
  • Daniele Trajano Raupp Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) https://orcid.org/0000-0003-2314-5352
  • Carlos Eduardo Schnorr ECBA/Universidad de La Salle/CO

Palavras-chave:

Saber Popular, Preservação Socioambiental, Bem Estar

Resumo

O conhecimento a respeito do uso terapêutico das plantas medicinais é milenar, sendo ainda hoje recurso terapêutico predominante em comunidades tradicionais e determinados extratos sociais. São atualmente matéria prima de alguns fármacos sintéticos e precursoras de intervenções a partir de compostos correlatos. Trata-se de um conhecimento tradicional e/ou popular que parte da observação dos fenômenos biológicos, cuja preservação é urgente dado o acelerado processo de mudança cultural e de perda da biodiversidade. As mulheres são as principais detentoras desse conhecimento, onde por mais de mil anos as curandeiras foram o único acesso à saúde por parte das classes menos favorecidas, tendo sido expropriadas desses saberes durante a Idade Média. Observamos que se trata de uma temática por si só transversal, transdisciplinar; que envolve desde seus primórdios saberes que desafiam a lógica reducionista de tratar o conhecimento e a realidade, envolvendo não só conhecimentos racionais, como também sensoriais, emocionais, intuitivos e místicos, e assim nos propomos a investigar de que maneira a temática plantas medicinais, com abordagem transdisciplinar, pode contribuir para um ensino de  química e ciências que promova o potencial criativo humano? O minicurso tem a proposição de dialogar sobre a abordagem transdisciplinar, que parte de uma revisão sobre os princípios ontológicos e epistemológicos do conhecimento. Pontuando os limites da ciência, onde a supremacia do homem racional faz do cientificismo reducionista e tecnocrático uma ferramenta de devastação dos meios de vida na Terra. Ao fortalecer a dicotomização entre humanidade e natureza, estabeleceu-se uma lógica de dominação dessa, que, utilizada como um produto, vê-se hoje nos limites de sua existência. Soma-se à crise ambiental a crise informacional, onde a hiperespecialização agrava a inequidade social, e a crise de saúde mental onde o racionalismo limita as formas de vivenciar a realidade. A abordagem propõe a superação da lógica utilitarista, a compreensão dos processos auto-eco-organizadores, e dos princípios da incompletude, da incerteza, e da subjetividade, promovendo a comunicação entre os diferentes níveis de realidade e considerando a condição humana frente à civilização planetária. A essência da transdisciplinaridade é o reconhecimento das diferentes dimensões do conhecimento e a integralidade entre corpo, mente e cosmos, com a finalidade de dar suporte à ações subordinadas à ética do respeito, da solidariedade e cooperação. Como atividades práticas propomos uma análise sensorial olfativa de amostras de plantas medicinais, sabendo que o olfato é comumente considerado o menos importante dos sentidos e que a origem disso se dá a partir do iluminismo e do processo civilizatório, apesar de sua importância e ligação com memória, emoções e intuição; relacionando então com os diferentes princípios ativos das mesmas. Práticas de autocuidado a partir das plantas medicinais também serão exploradas a fim de promover o autoconhecimento, o estreitamento da relação com a natureza, a sensibilidade com nosso ambiente imediato e a melhoria das relações interpessoais. 

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Publicado

22-12-2024

Como Citar

Colvero Rockenbach, L., Trajano Raupp, D., & Schnorr, C. E. (2024). Plantas medicinais e transdisciplinaridade para um ensino de Química voltado à integralidade humana. Anais Dos Encontros De Debates Sobre O Ensino De Química - ISSN 2318-8316, (43), 1–2. Recuperado de http://edeq.com.br/submissao2/index.php/edeq/article/view/461

Edição

Seção

Mini-Cursos

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